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A verdade sobre os agrotóxicos
Especialistas analisaram o estudo iniciado em 2010 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), intitulado Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos, e divulgado no mês passado, e revelaram que o medo ou receio provocado nos brasileiros quanto à utilização de defensivos agrícolas nas lavouras é injustificado.
Das 2.488 amostras de 18 tipos de alimentos analisados (abacaxi, alface, arroz, batata, beterraba, cebola, cenoura, couve, feijão, laranja, maçã, mamão, manga, morango, pepino, pimentão, repolho e tomate), apenas 89 (3,6%) apresentaram teor de agrotóxico acima do limite máximo de resíduo (LMR), índice que determina o consumo máximo sem riscos à saúde.
De acordo com o toxicologista Ângelo Trapé, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), as margens de segurança para os seres humanos são bastante altas, cerca de 1000% a mais do que as usadas em testes com animais. “E os resíduos químicos encontrados podem ocorrer por dois fatores: ou o agricultor aplicou na lavoura uma dose acima da indicada ou não respeitou o intervalo mínimo entre o uso do pesticida e a colheita”, explica.
“A ocorrência de câncer, malformação fetal ou distúrbios neurológicos só ficou demonstrada em animais expostos a altíssimas doses de resíduos de pesticidas e componentes químicos”, explicou o toxicologista Flávio Zambrone, presidente do Instituto Brasileiro de Toxicologia. Segundo ele, também não existem registros de casos de intoxicação por ingestão de alimentos contaminados por defensivos.
No caso de seres humanos, além de não haver comprovação científica, as ocorrências mais comuns de problemas associados ao uso de pesticidas agrícolas está na utilização dos mesmos pelos próprios agricultores no ato da aplicação. Entre os principais efeitos adversos apontados pelos especialistas, estão os problemas gastrointestinais e os dermatológicos provocados pela exposição a doses elevadas do produto.
Por isso, é importante que os agricultores utilizem os equipamentos de proteção individual (EPI) e leiam as instruções, respeitando as dosagens, e as precauções recomendadas pelos fabricantes dos produtos para se reduzir os riscos de contaminação.
* Matéria publicada na Revista Veja, no dia 4 de janeiro de 2012.